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Conjunto Pigalle
Transcorria o ano de 1964, quando entre um grupo de amigos da "turma da esquina" em Santa Cruz do Sul, começou a tomar corpo a idéia de formar um grupo musical, aproveitando o talento e o conhecimento sobre musica que tinham alguns componentes.
Decidiram que seria de estilo melódico, para tocar mpb, posto que na época faziam sucesso no Estado conjuntos musicais como Norberto Baldauf, Flamingo, Renato, Flamboyant, João Roberto, Breno Sauer, Moulin Rouge e outros.
As dificuldades eram muitas. Dois dos rapazes eram iniciantes no estudo do acordeon, um terceiro tocava piston e outro tinha habilidades na bateria, sem no entanto, possuir o instrumento.
Passaram então a se reunir no anexo da casa do Dule, para os primeiros ensaios, adquirindo em Rio Pardo de um conjunto desfeito, um contrabaixo elétrico e um amplificador usado (15w).
No final de agosto veio o convite para participar de um festival de estudantes, tradicional na cidade, promovido pela UESC. Era preciso então, completar a banda para a primeira apresentação em público.
No dia 05 de setembro, foram à Porto Alegre, onde adquiriram uma bateria nova na tradicional loja "Casa Marocke", uma guitarra Del Vechio, do guitarrista do Conjunto Arpége, e um vibrafone do conhecido Conjunto Flamingo. Graças a um dos proprietários do Expresso Gaúcho, cunhado de um dos músicos, viabilizou-se o transporte dos instrumentos recém adquiridos, no mesmo dia, pelo ônibus que retornava à Santa Cruz.
Esbanjando entusiamo e muito talento, de imediato se dirigiram ao local de ensaios, onde após uma breve comemoração, ensaiaram até quase meia-noite para a apresentação que seria no dia seguinte. (Credo!!!)
No dia 06 de setembro, aproximadamente às 22:00 horas, o conjunto apresentou-se tocando 3 músicas, sendo a última, "In the mood", em ritmo de rockabilly. Foram aplaudidos de pé pela platéia que lotava o auditório do Colégio Sagrado Coração de Jesus.
Estava assim formado o Conjunto Melódico Pigalle, que na ocasião desta apresentação contava com a seguinte formação: Hiram Almeida, na bateria, Diogo Gomes, no contrabaixo, Alcemiro dos Santos, na guitarra, José Luis Agnes, no piston, Milton "Dule" Agnes, na percussão, Luis Carlos Flores, no acordeon e Rene Dure, no vibrafone. Materializava-se o sonho dos amigos de formar sua própria banda.
No ano seguinte, com a saída de Diogo, foram incorporados ao grupo o contrabaixista Sergio Brem. e o pianista Roberto Piscitelli, formação esta que permaneceu durante 5 anos.
Sucederam-se apresentações em aniversários, jantares, reuniões dançantes e bailes, primeiro na cidade e região e depois por todo o Estado em cidades como Santa Maria, Cachoeira do Sul, Porto Alegre, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Caxias do Sul, Venâncio Aires, Candelária, Rio Pardo, Cruz Alta, Ijuí, Santo Angelo, Santa Rosa, Jaguarí e outras.
A partir de 1966, fazia sucesso em todo o país o movimento da Jovem Guarda, e para acompanhar o novo estilo musical, surgiu o "Brasa Boys", que nada mais era do que uma segunda formação dentro do próprio conjunto. Com Alcemiro (guitarra-base e vocal), Chico Brem (guitarra-solo e vocal), Luis Flores (baixo e vocal) e Milton Agnes (bateria), o Brasa se apresentava em meio ao baile durante uma hora aproximadamente, quando então retornava toda a banda que tocava até o final. Houveram algumas boates e reuniões onde o Brasa tocou sem o restante da banda.
Participaram ainda do conjunto durante uma época, Ricardo Heinze (contrabaixo), Arthur Kaercher (piano) e Claudionor Carvalho (bateria), bons músicos que muito somaram para o conceito do grupo.
Os arranjos e ensaios eram coordenados por Dure e Flores, enquanto a parte comercial ficava aos cuidados de Hiram e a financeira do Dule. Este grupo original manteve sua formação até 1969, quando por motivos profissionais afastaram-se o Flores, o Roberto e o José Luis. A partir daí foi dissolvida a banda, para ressurgir alguns meses mais adiante com outros componentes. Mas isso é uma outra história.
O Pigalle-2 ou segunda fase, nasceu num encontro na Lancheria Xodó, no centro da cidade em 1969. Lá estavam Denis Marx, Rene Duré e Ben Hur Silva discutindo música, bandas, etc., quando surgiu a idéia de formar uma nova banda em Santa Cruz. Nome? Por quê não... Pigalle? Além dos acima citados, foram convidados Paulo Petry, Homero Agra e Paulo Karl.
Ressurgia a banda com nova formatação, continuando com um pouco de melódico, blues, jovem guarda além de vocal com músicas internacionais.
Ficou assim: Duré (vibrafone) Ben Hur (guitarra base e vocal), Petry (baixo e vocal) Denis (bateria e vocal) Karl (sax) e Homero (teclados). Essa nova formação teve ainda, incidentalmente atuações do José Luis "Tarzan" Agnes, quando em visita à cidade.
Com um repertório atualizado, inclusive com vocais do próprio grupo, passaram a animar reuniões dançantes, boates, aniversários, jantares e outros eventos, na cidade e arredores. O Pigalle-2 tocou até meados de 1971, quando Homero e Karl foram estudar fora, Ben Hur foi trabalhar e estudar no RJ, acarretando pois, a extinção.
O Conjunto Pigalle deixou marcada sua breve trajetória musical na região, pois entre os remanescentes de outros grupos, amigos e simpatizantes, ainda hoje é lembrado por pessoas saudosas dos "anos dourados", que seguidamente perguntam: ..." e o Pigalle, heim?" ...Será que não vão reviver a banda outra vez? É um misto de lembranças e saudades de uma época, que o tempo teima em manter vivas em nossa memória.
Texto redigido por:
Flores, Dure e Ben Hur
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